O figurinista Antônio Medeiros fala da importância da pesquisa para a reprodução do Sertão dos anos 1920 e 1930: 'Quando entendemos os aspectos sociais, políticos e econômicos podemos traçar comportamentos, dentre eles o de vestir' Confira o teaser de 'Guerreiros do Sol' Trabalhos de época são sempre mais minuciosos que os contemporâneos por se basearem em registros e não em vivências. No caso de Guerreiros do Sol, novela original Globoplay, que estreia em 11/6, foram muitas pesquisas e viagens para retratar com riqueza de detalhes o Sertão das décadas de 1920 e 1930. Assine o Globoplay para conferir Guerreiros do Sol Figurino dos cangaceiros contou com confecção de chapéus e réplicas de punhais Globo/Estevam Avellar A equipe envolvida, capitaneada pelo diretor artístico Rogério Gomes, teve como norte o livro homônimo de Frederico Pernambucano de Mello, consultor de pesquisa e conteúdo do projeto. A publicação é um estudo histórico e sociológico do fenômeno do cangaço e serviu de base, não só para o roteiro em si, mas para diversas áreas da produção, como figurino e direção de arte. Por falar em figurino, o trabalho foi marcado por dois adjetivos: desafiador e empolgante. Antônio Medeiros, à frente da área, mergulhou nos estudos da época. "Quando entendemos os aspectos sociais, políticos e econômicos podemos traçar comportamentos, dentre eles o de vestir", pontua o figurinista, que com a incumbência de vestir personagens ricos e pobres, cangaceiros e fazendeiros, policiais e militares, viajou ao sertão atrás de peças autênticas. "Por conta de uma quantidade enorme de artefatos em couro, entendemos que o ideal seria fazer uma viagem para conhecer e encomendar peças e acessórios típicos, além de valorizar artesãos da região. A vivência de estar em lugares históricos conhecendo pessoas que mantêm as artes regionais nos abriu ainda mais possibilidades de referenciar a época com rendas, tecidos bordados, artefatos em couro produzidos e replicados de peças originais", explica. Bordadeiras de Entre Montes, cidade do bordado, produziram peças para o figurino de Guerreiros do Sol Acervo pessoal/Antônio Medeiros Do Nordeste para o Rio, passando pelo Rio Grande do Sul Muitos desses objetos garimpados no Nordeste foram usados na novela e outros serviram de inspiração para reproduções feitas no Rio de Janeiro. E o que não faltou foi peça para adornar atores e figurantes. Em uma visita a artesãos locais, a equipe de figurino de Guerreiros do Sol encontrou peças originais do Sertão do início do século XX Acervo pessoal/Antônio Medeiros "Produzimos muitas peças na costura da Globo, mas foi necessário usarmos ateliês de costura e uma fábrica de ternos, assim como uma facção para os uniformes e os embornais (usados pelos cangaceiros). Acessórios em couro, como alpercatas, coldres, chapéus, gibões, bolsas e perneiras, vieram em sua grande maioria do Norte e Nordeste. Botas e sapatos foram confeccionados no Rio Grande do Sul. Foram produzidas em torno de 8 mil peças de vestuário e acessórios e mil uniformes e embornais, fora roupas do acervo e alugadas de outros acervos", conta Medeiros, que faz questão de citar a ajuda do historiador Robério Santos na empreitada: "O Robério nos indicou algumas pessoas que fizeram os nossos embornais artesanalmente no Sertão. Encomendamos algumas peças e replicamos em quantidade maior no Rio. Em cima disso eu tive uma certa liberdade poética. Porque existe toda uma questão de identidade para cada cangaceiro dentro do bando. É engraçado porque essa coisa da identidade de cada cangaceiro é muito forte. Cada cangaceiro tinha uma identidade visual. O Lampião protagonizava isso e incentivava isso, e o Josué assume esse papel na novela também”, conta Medeiros. Alexandre Nero e Thomás Aquino caracterizados como Miguel Inácio e Josué Divulgação TV Globo/Estevam Avellar Detalhe nos embornais bordados de Guerreiros do Sol Acervo pessoal/Antônio Medeiros A paleta de cores segue as nuances do Sertão: cáqui para os uniformes tanto dos militares, policiais e cangaceiros, e cores terrosas evidenciam as famílias dos protagonistas Josué (Thomás Aquino) e Rosa (Isadora Cruz). Porém, uma curiosidade levantada nos estudos balizou os demais tons. Famílias ricas enviavam peças de linho claro de cama mesa e banho para serem lavadas na Europa, pois a água barrenta do Sertão acabava encardindo as roupas. "Diante desta informação ficamos mais à vontade para criar um signo de riqueza. Roupas claras para os mais ricos, enquanto que o encardido prevalece nas roupas mais populares. Outra característica para definir as classes são florais e tecidos naturais bordados para ricos e lisos para populares." Globoplay Novelas Veja teaser de Globoplay Ao completar 15 anos, o VIVA - um dos líderes da TV por assinatura - evolui e se transforma no Globoplay Novelas. O canal chega com uma programação 100% dedicada aos títulos mais relevantes do gênero, incluindo grandes clássicos da dramaturgia brasileira, sucessos internacionais e novelas Originais Globoplay inéditas. E Guerreiros do Sol coroa essa grande estreia! A novela será exibida de segunda a sexta-feira, às 22h40, com reapresentação do capítulo de sexta no sábado. E, no Globoplay, o folhetim terá 5 episódios liberados semanalmente. Mais de Guerreiros do Sol Mais Lidas